Sabem quando parece que a porta se está a abrir... a escancarar, e vem uma corrente de ar e a fecha?
E ficamos convencidos de que ficou fechada...
So passado um tempo nos apercebemos que o trinco está avariado e ela só ficou encostada... muito encostadinha... e a corrente de ar volta e ela começa a abrir devagarinho e depois mais depressa até voltar a escancarar. E tentamos correr, para ir a tempo de a agarrar, não vá ela bater na parede e partir os vidros... porque depois é dificil de colar, e comprar vidros novos sai muito caro...
E depois começamos a dizer palavras ao contrário e é como se estivessemos a aprender a falar outra vez... e irrita.
E depois vêm respirações descontroladas, não no sentido positivo.
E o sono, e as insónias.
E a vontade de ser tudo ou não ser nada.
De sentir justiça num mundo injusto.
Injusto de papel e de papeis. De corações, de portas e janelas. De paredes a ruir.
De céus nublados e de calor a mais. De dias de trabalho e de ronha indesejada.
De voltas na cama. Tapar e destapar. De moscas e de chão de azulejo.
De marcadores permanentes e de frascos de álcool.
De coisas que não sabemos sequer se podemos mudar, se queremos mudar.
De sonhos que se podem não realizar exactamente como sonhámos.
De mudanças ou falta delas. De incertezas e desesperos.
De pessoas que vêm e pessoas que vão. E não voltam mais.
De cinzeiros e de frascos de comprimidos (ou falta deles).
E não sei se fecho as janelas para parar com a corrente de ar...
E não sei como o fazer porque agora que reparo estão todas fechadas e se calhar é por isso que é humido e desconfortável e não cheira a casa, e não sabe a casa.
Mas se estão todas fechadas como é que a porta se abriu?
E porque é que lá fora tudo secou?
E porquê as dúvidas?
A vontade inexplicavel de mudar, de arriscar, e ao mesmo tempo de não fazer nada.
E o medo.
Será medo? Seria zona de conforto, se me sentisse confortável...
E outra vez as insónias. E outra vez a vontade de dormir. Ou só de voltar para a cama.
De ficar em stand by e não fazer nada. De não querer perder tempo e ao mesmo tempo de o querer deixar passar por mim a ver se quando acordar já mudou, já está diferente, se já está melhor...
E preocupo-me.
Porque me preocupo de mais. E com toda a gente. Mesmo quando não acreditam. Mesmo quando digo que não. Porque raramente ainda vou conseguindo dizer que não. Mas depois digo que sim, mas demoro. E são panos e colchas e calças e lençóis. E sonhos e ideias...
Porque às vezes quero fugir, de tudo e de todos.
De ter paredes da cor que eu quero, com a área que quero... de ser maior.
E às vezes parece que mais ningém se preocupa. Com mais ninguém.
Como se não percebessem que as portas se abrem de rompante e que não adianta empurrá-las com força. Têm de se fechar devagarinho...e arranjar o trinco para que não voltem a abrir. Nunca mais.
E às vezes parece que não percebem nada, que são autistas, que não sentem empatia, que não sentem o mal que fazem, que são egoístas...
Mas no fundo sabemos que é mentira (as portas...). Ou temos medo que o seja... Porque um dia vem sempre um vento mais forte, um tornado, o que seja, e enquanto só estraga o trinco nem é muito grave, o pior é se um dia arranca mesmo a porta e nos arrasta ombreira fora...
Até lá agradeço que não empurrem a porta com muita força, isso só vai enfraquecer as dobradiças...
E às vezes parece que não percebem nada, que são autistas, que não sentem empatia, que não sentem o mal que fazem, que são egoístas...
Mas no fundo sabemos que é mentira (as portas...). Ou temos medo que o seja... Porque um dia vem sempre um vento mais forte, um tornado, o que seja, e enquanto só estraga o trinco nem é muito grave, o pior é se um dia arranca mesmo a porta e nos arrasta ombreira fora...
Até lá agradeço que não empurrem a porta com muita força, isso só vai enfraquecer as dobradiças...
E lembrei-me agora que ainda não reguei as plantas hoje e depois seca tudo lá fora e temos de fazer tudo de novo. Como sempre.
Estou cansada de fazer de novo, de recomeçar. Mas quando tudo começa a secar tem mesmo de ser... ainda tentas mudar para um vaso maior, pôr fertilizante, regar mais vezes... mas não vês mudanças e percebes que morreu... E agora? Vasos? Sementes?
E estou farta, estou cansada, estou ferida porque é agudo. Mas também é grave. E dói.
E acho que se calhar estou partida, estragada e que não há arranjo possível, e ninguém tem paciência para gente estragada. Eu também já não tenho paciência para muita coisa.
Estou cansada de gente que se acha responsável e organizada.
E quero gente adulta porque estou farta de crianças e adoro crianças...
Acho que tenho um insecto gigante ou um t-rex bebé debaixo do frigorífico.
Ou então é no andar de cima.
E coisas que vêm da fruta que não há cá em casa. E patas.
Barulho, dores de cabeça, comprimidos que não funcionam e por isso não tomamos.
Outros que em SOS, mas já nem sabemos bem o que isso é... já não sabemos quando é muito mau porque é quase sempre mau.
Mas depois a porta fecha outra vez e parece que não foi nada.
Já passou e parece que não aconteceu. Ou fingimos que assim foi.
Mas a corrente de ar volta.
E como as janelas estão fechadas começo a ficar sem soluções...
E ela continua entrar porque hoje a porta escancarou.
Será melhor mandar a casa abaixo?
Será melhor mandar a casa abaixo?
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